RIO DE JANEIRO
Sérgio Cabral cita risco em Bangu 8 e pede transferência para prisão da Lava Jato no Rio
'Terá a sua integridade física exposta à retaliação de detentos milicianos e ex-policiais que ajudou a punir durante o seu mandato', diz advogado. Pedido foi protocolado na Vara de Execuções Penais.
A defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) oficializou o pedido para que ele seja transferido de Bangu 8 para o presídio onde estão os presos da Lava Jato no Rio, em Benfica.

A solicitação foi protocolada na Vara de Execuções Penais (VEP), ainda nesta quinta-feira (12), um dia depois de Cabral voltar do Paraná para ao Rio de Janeiro, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em janeiro, o juiz Sérgio Moro tinha determinado a transferência do ex-governador para o presídio de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A decisão de Moro citava investigação do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro que apontava regalias para Cabral no presídio do Rio.

Segundo o advogado Rodrigo Roca, que defende Cabral, a permanência do ex-governador em Bangu pode representar uma ameaça.

"[Cabral] terá a sua integridade física exposta à retaliação de detentos milicianos e ex-policiais que ajudou a punir durante o seu mandato, como aconteceu na primeira vez em que esteve internado naquele xadrez", escreve o advogado.

De acordo com o advogado do ex-governador, a decisão de colocá-lo no presídio conhecido como Bangu 8 é um "contrassenso". O argumento usado para colocar Cabral em um presídio longe dos outros detentos da Lava Jato é o de que ele é um preso sentenciado.

"O pedido é para voltar para Benfica, porque é a unidade para os presos da Lava Jato e é mais próximo do Tribunal Federal", explicou o advogado, complementando que outros presos sentenciados já cumprem pena na Cadeia Pública José Frederico Marques.

Regalias

Na investigação do MP-RJ, os promotores dizem que houve uma "rede de serviço e favores" montada para o ex-governador dentro da cadeia de Benfica. Recentemente, foi descoberto até um "motel" dentro da unidade. Os privilégios citados são:

• "Videoteca": tentativa de instalação de um home theatre no presídio de Benfica, forjando a doação dos equipamentos através de uma igreja.

• Academia: aparelhos de musculação de "bom padrão como halteres e extensores de uso exclusivo", o que não é permitido.

• Quitutes: produtos de delicatessen como queijos, frios e bacalhau. Há resolução da Seap contra alimentos in natura.

• Colchões: camas utilizadas na Rio-2016, padrão distinto dos distribuídos pela Seap.

• Escolta: em Bangu, segundo o MP, Cabral teve livre circulação, com a proteção de agentes penitenciários.

• Visitas: recebeu, fora do horário permitido, o filho Marco Antônio Cabral e outros deputados.

• Encomendas: Recebimento direto, o que é proibido, e sem vigilância em "ponto-cego".

Cardápio em Bangu 8

Na volta de Cabral ao sistema penitenciários do Rio, o café da manhã oferecido ao ex-governador em Bangu 8 foi o padrão da unidade: pão com manteiga e café com leite, segundo a Secretaria de istração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap).

O cardápio do almoço e do jantar é composto por arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou vermelha, legumes, salada, sobremesa e refresco. O ex-governador também terá direito a duas horas de banho de sol diárias.

13/04/2018
Fonte: Gabriel Barreira e Cristina Boeckel, G1 Rio
 
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